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Bunker de Adolf Hitler destruído em 1945. |
Os restos do bunker de Hitler foram soterrados na era comunista - essa parte de Berlim ficava na extinta República Democrática Alemã - para evitar que se tornassem local de culto de neonazistas, mas cinco instalações daquela época, inclusive o bunker militar, em Humboldthain, estão abertos à visitação.
A equatoriana Silvia Brito Morales, de 50 anos, funcionária da fundação, é responsável por fornecer dados sobre os locais:
- Os visitantes costumam ficar boquiabertos quando conto sobre os episódios dramáticos que ali ocorreram, sobretudo nos últimos anos da guerra, quando Berlim foi severamente bombardeada pelos aliados.
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Ultima foto de Adolf Hitler tirada na saida de seu Bunker em Berlim - 27 de Abril de 1945. |
Também fazem parte do programa um bunker usado por mulheres e crianças, outro que serviu como hospital de emergência para feridos nos bombardeios, um dos bombeiros e um último da Defesa Civil, com lugar para mais de 2 mil pessoas, o maior que restou dessa era.
Há ainda um bunker para os interessados em arte. O local, que serviu de abrigo para nazistas e civis, foi comprado pelo colecionador Christian Boros, que abriu ali um museu de arte contemporânea em um ambiente histórico, o Sammlung Boros, que conta com obras de artistas como o alemão Joseph Beuys. A entrada é na rua Reinhardt, a 1Km da antiga Chancelaria de Hilter, a sede do poder, destruída no fim da guerra.
A história do local que abriga o Sammlung Boros é ainda mais interessante do que os objetos de arte mostrados. Depois da guerra, o bunker ficou no lado oriental de Berlim, como quase todo o antigo centro do poder. Nos primeiros anos de divisão, os comunistas usaram o local como prisão de dissidentes. Mais tarde, o abrigo subterrâneo foi usado como depósito de bananas, a fruta preferida dos alemães orientais.
Abrigo usado como museu já foi depósito e discoteca
Quando o muro caiu, em 1989, o antigo bunker nazista foi usado durante alguns anos como discoteca de música pop e techno antes de ser comprado por Christian Boros. Depois de uma reforma de cinco anos, ele abriu o museu em junho.
- É difícil caminhar 500 metros em Berlim sem presenciar os testemunhos da História da cidade e do país - disse o advogado Ingram Lösche, após ver a exposição "A Rua Wilhelm, 1933 a 1945 - Ascensão e Queda do Bairro do Governo Nazista", em exibição até novembro.
A exposição da fundação Topografia do Terror mostra fotos e textos sobre a central do poder, a rua e o terreno da central da Gestapo. O prédio foi destruído, mas restos das paredes do subsolo, por ironia, junto com restos do antigo Muro de Berlim, são vistos como símbolos das tragédias alemãs do século XX.
- Depois da guerra, o capítulo ditadura nazista funcionava como lavagem cerebral nas escolas, ninguém suportava mais ter que lembrar quando Hitler ou Goebbels disseram isso ou aquilo. O importante para que a História não seja esquecida é que ela seja lembrada no lugar onde aconteceu - diz Lösche.
Dois prédios mostrados na exposição ainda existem. Um é parte do antigo Ministério da Propaganda, de Goebbels. O outro, o antigo Ministério da Aeronáutica, onde Tom Cruise rodou cenas do filme "Operação Valquíria", permanece intacto. Localizado perto da Chancelaria e do bunker de Hitler, ele abriga hoje o Ministério da Fazenda.
Mas pouco se vê hoje da pompa mostrada nas fotos de manifestações populares na Praça Wilhelm. O que restou da chuva de bombas dos últimos meses da guerra foi coberto de prédios em estilo socialista. O lugar da Chancelaria - construída por Albert Speer, sob a orientação de que "quem entrar na Chancelaria do Reich deve ter a impressão de estar diante do Senhor do Mundo" - foi pontilhado de prédios de apartamentos para funcionários comunistas. Hoje, apartamentos de aluguel. Já o acesso ao bunker de Hitler dá para um supermercado e um restaurante chinês. No terreno que serviu de sede do Terceiro Reich, em seus últimos meses, hoje há um estacionamento.
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