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Brasil precisou pagar pela sua independência?

Desde o famoso grito do Ipiranga, de “independência ou morte”, lançado por D. Pedro I no ato da proclamação da independência do Brasil, historiadores divergem sobre o real significado da data e de quando na prática o processo de independência brasileira teve início. 

Até os anos 30, por exemplo, essa data ainda não tinha todo o significado cívico que conhecemos hoje, com o Sete de Setembro celebrado nas escolas e em desfiles pelas cidades do país. A oficialização da data, no contexto cívico, ocorreu apenas no Estado Novo, no final da década de 30, quando este dia passou a servir para preservação e afirmação da memória brasileira.

Porém, retornando no tempo, há 190 anos, quando em 1822 foi proclamada a Independência, o processo se deu mais no contexto do “arranjo político”, ou numa manobra de elites, na qual o povo, no geral, pouco participou e onde o Brasil teve que pagar dois milhões de libras esterlinas, fato que deu início à dívida externa do país. 


Fora isso, em 1824, a primeira Constituição foi outorgada por D. Pedro I de forma autoritária, com a existência de um quarto poder (o Moderador), exercido por cerca de 67 anos, primeiro por Pedro I e depois por seu filho Pedro II.

A forma como as eleições eram realizadas também confirma um processo de exclusão social: o voto censitário exigia uma renda mínima de 100 mil réis anuais e era permitido apenas aos homens, desde que não fossem negros ou índios.

De acordo com o grande historiador Caio Prado Júnior, em seu livro Evolução política do Brasil: Colônia e Império, “ (…) a Independência se fez por uma simples transferência política de poderes da metrópole para o novo governo brasileiro. E na falta de movimentos populares, na falta de participação direta das massas neste processo, o poder é todo absorvido pelas classes superiores da ex-colônia, naturalmente as únicas em contato direto com o regente e sua política. 


Fez-se a Independência praticamente à revelia do povo; e se isto lhe poupou sacrifícios, também afastou por completo sua participação na nova ordem política. A Independência brasileira é fruto mais de uma classe que da nação tomada em conjunto.”

Após a independência, no dia 12 de outubro de 1822, o príncipe foi aclamado Imperador com o título de D. Pedro I, sendo coroado em 1 de dezembro, no Rio de Janeiro. 

O que ocorreu no Brasil, porém, não foge à regra dos processos de independência de outros países latino-americanos, que preservaram o status quo das elites agroexportadoras, que mantiveram e aumentaram seus privilégios políticos, econômicos e sociais.

Fonte: The History Channel