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Salvador Dalí ganha exposição em São Paulo

Pintor, desenhista, pensador, escritor, apaixonado pela ciência, catalisador das correntes de vanguarda, ilustrador, designer, cineasta e cenógrafo. Salvador Dalí (1904-1989), inacreditavelmente, reuniu em uma só vida todos esses predicados. E não foi só isso: deixou uma obra singular, para lá de genial, que pode ser vista a partir de hoje no Instituto Tomie Ohtake (Rua Coropés, 88) até dia 15 de janeiro. A curadoria é de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação Gala-Dalí.
Trata-se de uma retrospectiva de seu trabalho a partir da década de 1920 até a última, que ajuda a contar sua história, influências e versatilidade. A curadora do núcleo de pesquisas do Tomie Ohtake, Priscyla Gomes, conta que foram cinco anos de pesquisas e negociação com os detentores das obras de Dalí – a Fundação Gala-Salvador Dalí, em Figueres, Espanha; o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, capital espanhola; e o Museu Salvador Dalí, na Flórida, Estados Unidos – para conseguir viabilizar, enfim, a mostra.
Segundo ela, a intenção era “dar um recorte amplo da obra de Dalí, em suas múltiplas vertentes, como um artista total.” Uma das exclusividades dessa exposição – que também passou pelo Rio de Janeiro este ano e atraiu quase 1 milhão de pessoas – é um de seus quadros mais famosos, o surrealista El espectro del sex-appeal, feito em 1934. “É nessa fase que ele passa a tratar das fobias sexuais e começa a estudar relação dele com a mulher (Gala) por meio da pesquisa psicanalista”, diz. 
Gala, em especial, aparece em diversas pinturas – como em El pie de Gala, em versão estereoscópica (3D) –, sempre em um papel de destaque. Ela foi grande articuladora de sua carreira e incitou a veia performática, o que ajudou no sucesso financeiro. 

GALERIA
Aos admiradores da obra de Dalí, um recado: vá com disposição para apreciar uma a uma (são 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes).
Ainda na primeira sala é possível ver o início da carreira do pintor, que entre 1923 e 1925 se dedicou a fazer retratos e natureza morta. Lá estão os quadros Retrato del padre y casa de Es Llaner (1920), que traz a imagem de seu pai e o Desnudo (1924) .
Em um outro espaço, diversas capas de revista estampam imagens e reportagens referentes ao pintor. Em uma delas, capa da revista espanhola Mundo Joven, de 30 de outubro de 1971, Dalí a divide com o ex-beatle John Lennon, com a manchete: ‘Lennon Pinta... Dalí canta. John expõe em Madrid e Dalí compõe uma ópera’.
O visitante também poderá apreciar comerciais feitos pelo catalão, fotografias em que seu famoso bigode aparece em situações inimagináveis – sendo utilizado até como pincel – e ilustrações feitas para os clássicos Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Também são transmitidos os filmes O Cão Andaluz (1929) e A Idade do Ouro (1930), codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel.
No centro da exposição está o Retrato de Mae West (atriz norte-americana), que pode ser utilizado como apartamento surrealista. A exposição funciona de terça a domingo, das 11h às 20 h. A entrada é gratuita e funciona por sistema de senhas (pode ser retirada duas por pessoa, das 10h às 18h, na entrada do Instituto).

Exposição encerrada.
Fonte: Diario do Grande ABC